segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O garoto triste que fui...

Eu nasci num inverno de 1978
e conheci o amor ainda no ventre maternal,
e em nenhum outro lugar...
Aquele calor e aconchego que senti
procurei desesperadamente nas pessoas que amei...
Será que você vai me esquecer?
Fecho meus olhos nesta neblina confusa do passado
e vejo seu rosto como vetor da minha vida.
Sua representação parece meu filme favorito
que passa amiúde no meu âmago.
Hoje abri o álbum de fotografias da minha infância
e revi aquele garoto que fui outrora,
a tristeza e a solidão são as mesmas
aquela criança pálida e desamparada
cresceu e algo se perdeu no meio do caminho,
e eu odiei meu pai com veemência
por ele ter me colocado neste mundo
sem ao menos me amar...
agora tenho que perdoa-lo
como conseguiria viver com tamanho ressentimento?
Conheci um ser que me deu os braços como morada
e como lhe amei, daria minha vida em troca
daquele calor que me salvou de desconsolo.
Depois de vinte e oito solidões
eu olho no espelho e hoje posso sorrir ao menos
sem me sentir doente e invalido.
Quando eu morrer quero que você não chore,
apenas cante aquela canção de afeição
que eu lhe ensinei, por favor...
O garoto perdido com o sorriso tímido e desajeitado
visitou-me e acenei para ele e disse-lhe adeus,
quero conservar esta ternura pueril
que ele me legou
meu corpo envelhecera mas a minha alma
eu darei ao velho poeta para que ele
engenhe um soneto meigo
e entregue aos meus amigos
e ao infinito
quando eu partir.

Prelúdios de Chopin...


Que a morte seja
como os prelúdios
de Chopin,
tristes e encantadores.
Que eu possa descansar
num lugar distante e solitário.
Espero nunca mais retornar
a este mundo,
pálido e fúnebre.
Tudo que amei
eu mesmo matei,
todos matamos,
em nome de algo que dizemos
sagrado, por fim como a vilania
conceitual, estrangulamos
o pescoço de nossa vitima amada,
em nome da fé mentirosa
em nome da ignorância e da vaidade
sempre há uma desculpa plausível,
agradável como um sorriso amarelo...

James Dean by me


“ James Dean by me”

Ao longo dessa minha existência nutri um enorme fascínio pela vida e pela figura poética que permeou James Dean. Identificava em mim seu jeito especial inusitado de ser, numa espécie de analogia secreta entre nós. Uma vida intensa e triste, como a de todos os geniosos; morreu jovem.
“As pessoas grandes” em geral questionavam-me. Porque gostas tanto de James Dean? O que ele foi ? O que fez de tão singular? Jamais preocuparei –me em responder tais questionamentos alheios. No lado mais profundo e delicado da minha alma, a pergunta estava sentenciada e respondida !
James Dean condensou em si, nas suas atuações no teatro e cinema, a naturalidade que esperamos das pessoas e da própria vida . Diria que os filmes em que atuou, todos continham um caráter antropomórfico. Não sabíamos até que ponto quem estava em cena, se eram personagens fictícios ou o próprio Dean. Sua personalidade autêntica, sensível e rebelde tornou-se paradigma ideal para todos os jovens da década de 50, numa sociedade pasteurizada como a americana, que vivia o período Eisenhower. Esperava-se de maneira hipócrita que todos os jovens respeitassem os pais e aceitassem as normas sociais. James Dean foi avesso a tudo isso , considerado um não–conformista.
Assim como Oscar Wilde, na sociedade Vitoriana, não era bem quisto por seus companheiros de ofício, e teve a vida tocada pela tragédia, diga-se de passagem um ótimo estilo Grego. Quando morreu em 1955, aos 24 anos, num acidente fatal com seu Porsche, havia feito apenas três filmes, e só o primeiro havia sido lançado. São eles:
Vidas Amargas ( East of Eden) de 1954 , com direção de Elia Kazan
Juventude Transviada( Rebel Without a Cause) de 1955, com direção de Nicholas Ray
Assim caminha a Humanidade( Giant ) de 1955, com direção de George Stevens

Foi reverenciado nesses 49 anos de sua morte por inúmeras personalidades, poetas , rockstars, e solitários ao redor do mundo. Um desses solitários ilustre que citaria em particular é o cantor e compositor Morrissey, ex-Smiths que sempre demonstrou enorme admiração, e dedicou a ele em sua juventude um livro e artigos, assim como este que escrevo sobre James Dean.
James Byron Dean nasceu no dia oito de fevereiro de 1931, em Marion , Indiana, nos Estados Unidos. Um dado curioso foi que sua mãe, morta quando o garoto tinha apenas oito anos, fez questão de colocar o sobrenome do Poeta ultra-romântico Lord Byron, a quem reverenciava com ardor.
A figura mítica que se tornou Dean ainda permanecerá na minha memória ao longo dessa minha existência. Assim como relatei no inicio, apesar da aura negativa que os ianques tem de transformar tudo em algo capital . Digo isso porque quando nosso querido amigo intuitivo morreu, só faltaram vender os destroços do carro em fragmento, pela mera fatalidade.
Com esse artigo modesto, mas substancial em si, presto uma carinhosa homenagem ao indivíduo das feições perfeitas, que ensinou-me a amar o cinema e a poesia por ela mesma, num exercício de sobrevivência ,sem tornar-se artificial ou prepotente.
Termino num misto de saudosismo, e porque não ?
“Os melhores mundos são únicos”, disse o bardo de Manchester, Morrissey.
James Dean vociferou : “Vim para Hollywood para representar, não para agradar a sociedade” ( VIVA JAMES DEAN!)

Ana


Abrigue meu amor/ No seu peito/ Como se ele fosse criança órfã./
Ajoelho-me aos teus pés/ contemplando tua preciosa beleza/ até que a alvorada desperte./ Tu lírio marmóreo/ Ressuscitou meu âmago/ Do desamparo torpe.../ Neste canto recôndito do coração/ Onde os doces violinos / Ressoam melodias/ Transcendentais/ O vento clama por nós/ E a seiva da manhã/ Alimenta o miserável / E o faminto.../ Aguardo apenas/ Pelas caricias dos teus lábios/ Estes que beijam/ Até sangue brotar/ Convertendo-se/ Em rosas cálidas.../ E se teus lábios/ Eu perdesse?/ Inspira pelo menos a minha vida / Tornando-a / Um jardim de lírios cândidos./ Quero beber/ No seu corpo lívido/ Doses magnânimas/ De afeição/ E bondade./ Minha Perséfone./
As aflições do deserto

Nas alturas distantes dos sentimentos
Nos delineamos nossos amores.
Amores esparsos, amores incompreensíveis
Ou simplesmente amores...
Quantas queixas o coração levanta
Tantas renúncias em forma de silêncio.
Envelhecemos e não entendemos
O curso da vida
Na sua mais invisível mutação.
Quantos solos ermos ainda atravessarão
Meus amigos?
Tenho refletido sobre a aflição alheia,
E uma fileira de consternação
Usurpa-me o peito...
Há uma dicotomia
Entre o mundo e os seres
Gerando um terceiro conceito,
o desamparo...
Quando passarmos pela porta
Qual será nosso prêmio?
Eu tenho um amigo magoado,
Ele diz que perdeu tudo...
E eu amofino minha órbita.
Eu poderia rezar por você
Mas eu não sei
Rezar...

P/ meu amigo poeta Fabiano Calixto
A flauta mágica

As noites de vigília,
o olhar cerrado
eu apenas concebo
sua face...
A tênue fronteira que afasta
os dias do amor
e as horas que nos dividem
são eternas e incansáveis.
Enche a minha pele
da vossa intensidade...
Salienta a ternura com palavras
que nunca foram escritas...
sabote minha saudade
visitando-me em pleno
crepúsculo.
Nós, não somos ilhas
como os outros...
ou satélites a deriva
Na escuridão...
nós somos,
fidedignos amantes.
Trago o sândalo
a erva cidreira,
o cravo
e a flor de lis
trago o poema
da Idade Média
ofereço-lhes aos
deuses imemoriais
o meu destino
em troca dos lábios
dos leões.
Enquanto celebramos
nossos desejos
com afago
os alaúdes
ressoam as cordas
intimamente.
Despir vosso corpo
para o vislumbre
branco do seu
esplendor...
Só conheço um preceito:
o de te amar.



P/ Ana 24/07/07 C.V.W.

... poema da dor n. 3

uma angústia esfomeada
devora-me por tardes
inteiras...
onde o amor foi semeado
brotaram frutos do ódio.
Grande é o marasmo
do mundo para com nós,
os de ilustre espírito.
Feliz aqueles que desconhecem
tais infortúnios...
sinto uma leve ternura
ao observar as flores
e escutar as canções...
o fluxo da existência
é fugaz
e temos que negar
justamente aquilo
que possuímos de bom
e humano.

Copacabana (na madrugada de 28.12.2003) ouvindo Maysa


enrolando um baseado
os poetas rondam...
clamamos uma oração pagã
apetecemos bons presságios...
o mar comemora sua beleza
como um narciso.
As ondas ninam
o milésimo desespero
que nos cerca.
A praia vai apagar a madrugada,
solitária.
Meu companheiro e sua prostituta novata
apenas matam o tempo trepando
histericamente.
Cazuza, me olhou de longe
com seu terno branco
que refletia o que vivera ali.
O firmamento e o mar,
a brisa confortante
o uivo do lobo
na pedra do arpoador...
cheguei aqui com vinte anos
de atraso, e eles estão mortos...
mas nem por isso
não deixou de ser digno...
só me resta um cigarro.

Homens Livros


Somos a soma de vários livros,
E a mundo não nos lê...
O anoitecer é incerto e deprimente.
O revólver em cima da cama
Está pronto para o derradeiro disparo.
A destruição de um amigo
É como nossa própria...morte.
Somos as luzes opacas da cidade
Somos o mendigo sonâmbulo que
Nunca sonha,
Somos aqueles que a navalha corta
Impassível...
Somos o discurso amoroso
Esquecido por nosso século.
Somos os trovadores,
Os locos,os lobos, os sujos
Que uivam desesperados
Esperando o fim.
Nosso sangue azul
Envelhecido
Das eras glaciais.
saboreamos a hipocrisia
Humana,
Todas as manhãs
Deitados num divã.
Nós os homens livros
Estamos relegados
A poeira de um estante.

Desforra

Palhaços cegos...
eis como vejo os seres coerentes.
Lançados no cerne do nosso século
somos almas quietas
procurando amor.
Transformamos o lixo
em poesia,
propositalmente.

Lembro-me de ouvir no apático rádio:
“É uma dor canalha.”
Os versos sinceros nos ferem mais
que as verdades da modernidade,
compre, consuma, transe e seja feliz...
a máxima dos desgraçados,
bastardos que inventaram
o câncer e a AIDS
para nos convencer
que somos vis.
Desforra, teremos uma um dia...
se a bomba nos permitir
acordar amanhã
De manhã.

Na biblioteca entre livros...

O suntuoso dorso feminino
faz-me transcender
as chagas da tristeza...
Um semblante novo e
inexperiente,
uma tez macia e ardente
nos seus traços mais banais...
Nos olhos uma ingenuidade
atravessada por selvageria e
encanto.
Eis as idiossincrasias da puberdade,
idade das demências
das descobertas que passam
sem deixar trilhas...
desnudamos nossa sexualidade
em meio a duvidas.
Este rosto volta outra vez
e eu apenas o cobiço...
Pele cândida virginal
de noite celebra a luxúria.
Deve estar deixada, agora,
coberta apenas por um lençol fresco
que roça seu sexo,
enquanto seu pai dorme.
Lolita ocidental
entre tantos livros
dos estudos habituais
eu te dilacero,
na imaginação e na carne
malvada menininha.

Maysa

Deslizando por estas ruas
de miséria e desconsolo
os automóveis me deixam triste...
ao deslizar por estas mesmas ruas
as pessoas ocas me deixam triste...
a fealdade nada tem de enobrecedor.
Jamais contemplei seres e subprodutos
de seres tão sem expressão,
sem rosto ou alma...
sinto-me só, eu , feto machucado.
Atravessado os transeuntes
perceptível é a indiferença
dos covardes que me agride
perpassando meu peito
um gládio afiado.
“os adultos não se olham, não se tocam, apenas existem.”
Quão estranhas e banais.
é solitário pensar...
é solitário pedir e viver
de amor.
No dia da nossa morte
que a vida não se esqueça
que nós choramos muito. C.V.W. 10/09/07

Eu não acredito...

Eu não acredito no inferno, e muito menos no céu...
Eu não acredito na bíblia
Eu não acredito na igreja
Eu não acredito em Lutero
Eu não acredito no Papa
Eu não acredito no Batismo
Eu não acredito num Deus déspota (que mata para garantir seus interesses)
Eu não acredito na propriedade privada
Eu não acredito nos U.S.A.
Eu não acredito em Advogados
Eu não acredito em liberdade de consumo
Eu não acredito na paz (imposta por meio da força)
Eu não acredito no casamento (véu e grinalda e títulos no cartório)
Eu não acredito em convenções sociais
Eu não acredito em boas maneiras
Eu não acredito em Deputados, Vereadores e Senadores (ladrões engravatados)
Eu não acredito na Policia
Eu não acredito nos Magistrados
Eu não acredito no Caetano Veloso e Gilberto Gil...
Eu não acredito em máquinas
Eu não acredito na Rede Globo
Eu não acredito no Big Brother
Eu não acredito em papai Noel
Eu não acredito no PT, PSDB, PMDB e afins
Eu não acredito na Bolsa de Valores
Eu não acredito em família (como instituição)
Eu não acredito no Bush (Pai, filho e espírito santo...)
Eu não acredito no famigerado Luiz Inácio Lula da Silva
Eu não acredito no Brasil,
Por enquanto...

C.33 para Oscar Wilde c/ amor


C. 33

O amor de um homem
pode transpor os muros
de uma prisão?
É manhã,
as grades das celas
foram abertas...
o capelão rabugento
nos saúda.
Os primeiros raios de sol
cortejam o horizonte.
Guardo comigo
as reminiscências de felicidade
de quando eu era apenas
uma criança e observava
meus pais sentados
a mesa de jantar,
e lamentavelmente
volto a dura realidade
de ser apenas um vulgo
prisioneiro.
Estamos perfilados,
eu e meus desconhecidos
companheiros,
compartilhamos o mesmo silêncio
e a mesma jornada de tortura.
Aqui não nos é permitido
uma só palavra,
tudo fica devidamente reprimido
no fundo do peito
esfaqueado pela dor.
Mais uma noite,
ardendo em febre
devaneios torpes
trazem-me seu rosto.
Para que me serve
o amor dentro desta
cela fria e solitária?
Repito seu nome
bem baixinho
que é para os guardas
não ouvirem.
No cárcere só nos
é permitido chorar,
um exercício diário
para nós homens
desgraçados,
por possuir coração.
O dia segue sua rotina,
horas de trabalho árduo
que dura uma eternidade
no compasso das badaladas amargas.
Há uma insuficiente refeição
que alimenta nosso corpo,
e quem alimenta
nosso espírito?
Novamente volto-me
para minhas lágrimas
e elas percorrem minha
minha face como ácido.
Dignidade e honra
sentimentos escassos
nesta condição
que minha própria
vida me presenteou.
Quero confessar meu
Pecado a morte,
e será delito
amar o mundo?
Que recompensa o universo
oferece por cada fracasso?
Para onde seguirão
todas as almas
que o mundo julgou
bastardas?
Estes foram meus
Freqüentes questionamentos
durante os dois anos
que estive recluso
da minha existência real,
apenas por amar
um homem.
Qual a justiça
mais nobre,
a do céu ou do inferno?
Olho esse uniforme cinza
e vejo o peso dos anos
nos meus ombros
desajustados e doentes...
na penumbra da madrugada
sinto que deixei de ser
humano e numa fera
sem forma e sem alma
transformei-me.
O amor contém
uma linha imaginária,
tênue, entre o jubilo e
á tragédia.
Ouço os pássaros
neste pátio desolado,
onde obscuras histórias
se confundem e
separam-se.
Outrora fui um homem
propenso a sagacidade
a ironia e o sarcasmo
e glórias,
hoje reduzido ao caos,
a miséria
a derrota
e a morte prematura
da minha genialidade.
O vento levará meu espírito
ao recanto infinito dos amantes,
e eu hei de retornar a este mundo
na forma do sagrado coração
de Deus...
que os enamorados
lembrem-se de mim...
Sempre!!!
Viver é uma arte
enquanto amar
é um sacrifício.

30.07.07


30.07.07
para Ingmar Bergman


A morte
apropria-se de nós... compulsoriamente.

Sentirei pesar velho amigo
dos arroubos cinematográficos
de seus filmes...

nos encontraremos onde não seremos donos das trevas
nem dos falsos abrigos.

Somos primogênitos do protestantismo
mas, nem por isso
nos curvamos
a mesmice

30.07.07 meu coração arrefeceu
de dor, e lamentação,
meu choro, minha peste
era amor.

Haverá sempre o amor
entre nós
Bergman.

Teu gosto entre meus lábios


Quem de nós dois, vai encontrar o auge primeiro?/ neste leito primaveril/ não existe sensação melhor/ do que te sentir./ madrugada adentro / vamos viajando/ pelo oceano/ que são nossos corpos/ até agora éramos desconhecidos./ suas pernas estremecem/ unindo-se aos meus gritos/ nosso deleite aflorado/ uma vertigem nos acomete/ e imagens românticas/ copos de vinho, esvaziam-se/ tornando- se um rito./ deixe a manhã escoar-se/ os lençóis frios/ jamais estarão/ feche os olhos, um pouco/ e esquece desse mundo/ lá fora nos sentimos estrangeiros/ enquanto aqui dentro/ somos luzes possíveis./ branca como o clarão do dia/ a tua pele/ me alivia/ você é meu vicio/ meu lírio/ esta água que cai, sobre nós/ aplaca nossa fome./ os desejos foram saciados./ no regresso para o meu lar / leio seu nome/ e sinto teu gosto, entre meus lábios.

Flor do Sol

Quando foi que você se esqueceu
que era uma flor?
Eu não sei quem lhe amou,
e nem quem você amaste
também não importa,agora,
eu cuido de você!!!
Meiga criança, flor do sol,
luz dos meus olhos, poema elevado,
pensei que jamais descobriria a sua voz
a tua graça.
O teu lugar é no seio dos meus braços.
Abandone as durezas da vida fora da janela
e pense um pouco no amor...
No nosso amor
seja quem você almeja ser,sempre!!!
Eu vejo seu rosto singular
nas paredes, e nos dias de regozijo
que me trouxeram a vossa presença.
O maior dilema dessa vida é que ela passa depressa demais,
mas ainda podemos aproveitar
intimamente esse nosso jovem amor... 15/03/07

Danúbio Azul

Com os primeiros raios do nascer do dia,
Iniciei minha leitura...
O famoso escritor inglês
Aldous Huxley,
Dono de uma sagacidade rara
Que há tempos o mundo necessita.
Dezoito páginas transcorridas e,
A lembrança da sua face lívida
Assaltou-me inesperadamente
Arrastando-me pelos labirintos
Da graça e da emoção.
Ao som de o “Danúbio Azul de Strauss”
Obtive um momento único de elevação
E beleza...
Minha essência ultrapassou o firmamento
E toquei a face do invisível mistério.
Os teus beijos,
Pedaços íntimos da alma na boca.
A sorte de uma tarde colorida
Propiciada pelo teu enleio,
Não preciso mais das lágrimas
Que de longa data me acompanhavam...
Os filmes, os livros e as canções
Tornaram-se nossos filhos.
Sinto-me como Ulisses,
Retornando de interminável viagem
A caminho do próprio lar,
Que são vossos olhares.

For Ana with love C.V.W.

Lírio da manhã
Seu reflexo congratula o lago solitário
No crepúsculo das almas perdidas.
Beleza monumental,
Hei de levar-te desse mundo
Nem que eu edifique uma nova realidade
No orbe das quimeras...
Toca –me com teus dedos
Visita-me com teus olhos
Dai-me o teu corpo de beberPois tenho sede...
E conservo o gosto voraz.
Reflito em você
e lembro-meDum campo longínquo
De margaridas pueris...
Perambulo pelo centro velho
E na superfície suscetível dos lábios
Soletro lentamente“eu te amo”.
Somos apenas crianças grandes
Que ganham dinheiro,
Num mundo de alienação
E concreto.
O meu sopro vital vale mais
Quando permaneço ao seu lado.
Enquanto esperava-te ávido
Do amor tive apenas sombras.

Contos imaginários

Eu era seu amigo
e você era meu amor,
não havia nenhum outro.
Eu só tinha olhos para
*Lesley – Anne,
a moça de todos
os meus sonhos
juvenis.
Sobrou-me
uma pequena
parte de ti,
e o mundo
te roubou
do meu
arco-íris
encantado.
Minha fada
eu te daria
o mar
em troca
dos teus olhares,
eu faria jóias
brilhantes
com minhas
lágrimas,
somente para
você, eu faria.
Transformaria
o mundo num
imenso jardim
só para te ver
passear,
meu querubim .
Amaria- te
a vida toda,
como nos contos, do nosso triste irlandês !!!

Nossa cidade indistrial, desolamento e angústia

Dia após dia
todas as manhãs são iguais
isso quer dizer, os carros nos seguem.
E, entramos num trem solitário que
o destino nos legou.
Este é o tempo,
seu e meu
enquanto a dor carrega-nos
e as luzes dessa cidade
parecem-me teus olhos.
Dia após dia
a cidade irradia-se
por um sol obscuro,
e os olhos dela estão
Absolutamente mortos.
Este é o tempo
Seu e meu
e ninguém repara nossa mágoa,
com a existência silenciosa
nessa metrópole vazia.
Mais um crepúsculo
e a cidade cobre-se
por cortina de fumaça,
industrial.
Teus olhos dragam-me
ao inferno,
incansável momento de
desconsolo e drama.
“não há rara beleza
no egoísmo”.
E de quem é a culpa?
Este é o tempo
seu e meu
enquanto você persegue
caminhos distantes
a cidade morre,
em busca de outros prazeres

Lesley-Anne

A pele de porcelana induzia-me ao desejo. arde como febre tais instintos. Longo foram nossos silêncios , e os olhares que se cruzam na alcova dos lírios com beijos delicados, como as amoras silvestres que gemem ao toque do orvalho, este que espera pela perfeita amante: a aurora.
Teus cabelos ao travesseiro, sempre foram o mais sagrado e belo quadro. Pálpebras fechadas; minh´ alma em júbilo por tamanha contemplação. Os anjos realmente existem !
Lembro-me dos teus vestidos floridos que, realçavam o encanto, do teu majestoso corpo. Haverá sempre entre nós a mais terna canção, e presente tu esteve nos meus sonhos sublimes. Mesmo que sejamos esquecidos pelo tempo , seremos aludidos pelas flores e Deus como toda sua magnificência concedera novamente outro momento formoso. A rubra rosa egípcia, é fonte de minha idolatria. Passaram-se momentos em que pude sentir a eternidade, nos teus pueris sorrisos.
“ O amor é o bálsamo que nos mantém vivos.”
Baila em minha mente o instante em que nossos corpos desnudos transpiravam poesias gregas, e esta dança solene tornou-nos semi-deuses.
Vai, ninfa caminhe ao aposto de mim, mesmo os deuses do Olimpo gostam das tragédias. Mas não esqueça –se que as lágrimas são agora, meu manto áureo e única morada, para sempre, todo

Lágrimas e Cigarros

Quantas tardes como esta passei fadigado, fumando um cigarro após o outro; pensando em nós, na nossa pequena história trágica, que levou-me ao inferno em busca de impossível alivio. Quantas lágrimas amargas,
inútil forma de desabafo. Será que meu coração voltou a ser puro?
Observo estas paredes deste quarto fúnebre e penso quanto tempo se passou!!!
Quantas amarguras, interminável isolamento , e não tendo mais vossa pessoa para dividir minhas esperanças e tão pouco meu lirismo. Por que deixei de acreditar numa vida insólita ?
O do por que de tanto vazio?
Estou tão triste que poderia dissolver-me como areia, mas acredito pungentemente nos meus antigos ideais e mesmo assim sobrevivo a imensa dor. Confesso com enorme pesar que o coração anda desabitado, esquecido.
Há tempos não sinto ternura, deixe-me amar-te apenas para não fenecer, e é sufocante viver sem sentimento.
Na madrugada afogo meus silêncios e eterno abandono. Sei que tornei-me obsoleto mais do que deveria, mas foi extremamente preciso!!!!!!!!
C.V.W. 2005/2005.

Morrissey 1959

Tenho saudade da nossa amizade,
pedaços de ternura
em forma de palavras.
Tua maneira de olhar-me
Inocentemente, comovia-me.
“Apenas os covardes
não sonham”
e eu sonhei em viver
o belo espelhando-me
em ti , meu único
e verdadeiro delito.
Com vossa inexistência
passei a enamorar,
tristeza.
Por existir sem razão,
e o coração repleto
de amor
mas, sem você
para acolher, este
tornou-se obsoleto.
Faço da melancolia
meu alimento sagrado.
Que Deus cuide
de minha alma
carregada de feridas
e fendas ,e, será que
poderei observar o
horizonte sem lágrimas?
o canto das cotovias
e girassóis taciturnos,
sem estar no cárcere que
você legou a mim?
incriminando-me
somente por
devotar-me demais.
O mundo pode
pode perdoar
o homicida,
mas nunca
perdoa
aqueles que
incondicionalmente
amam.
C.V.W. 18/02/05

poema

(Lesley- Anne two)
Todos os dias
penso em ti.
Sei que o horizonte
varreu tua pessoa
indiscutivelmente para longe,
mas penso em você.
“O amor permeia-me,
mas o tempo me trai”.
Há desespero,
justamente quando
fecho meus olhos.
Meu leito não pertence-me
sem teu corpo;
teus cabelos
teus olhos
teus lábios
tua face lívida,
ao espelho ainda
misturam-se
a meus traços.
Meu amor
Incompreensível,
caminhas ao lado
de outro alguém.
Aceito o flagelo
e rendo-me a
tua renuncia. Cláudio V. Wild 31/01/05
Madrugada torpe.

A noite consome-nos, com uma sede desenfreada de experimentarmos todas as formas de vícios . tentando rasgar a dor com analgésicos vis e, corpos que despem-se artificialmente por notas promissórias ou irrisórias quantias. Num instante de tortura e redenção.
Mas, nada como um banheiro sujo lascivo, o sêmen escorre ralo a baixo, e ainda assim alivia o meu cansaço. Emoção, lágrimas ou ternura são apenas dissimulação pelo fracasso.
"Deixe-me ocupar o teu corpo sem eu ser medíocre ou monstruoso" nesta eterna madrugada que tudo sombrio soa. E o sol me denunciará com a manhã, o abandono. O melhor é, a mera lembrança dos meus poetas malditos ; Borroughs, Ginsberg e Kerouac. São a geração beat e estão felizes nas suas pedras tumulares de mármore.
E novamente retorno ao meu lar, rosto pálido, abatido e furioso com a sólida solidão que o mundo me legou. Mas lembre-se de mim quando o vento lhe tocar o rosto com enorme ira, e eu estarei sentado a tua porta , num domingo, chorando baixinho. Meu Amor

o que seria a poesia?

A poesia... o que seria estas singelas linhas que escrevemos? Estas linhas negras que marcam o papel nosso de cada dia, revelando-nos sentimentos e pensamentos profundos na sua essência.
Cada poema escrito é como um parto... revelações das mais diversas que esperam um futudo leitor... mas será que hoje nas entranhas do séc. XXI ainda há espaço para o exercício da poesia?
Numa sociedade hedonista e imediatista, penso que a poesia é muito subjetiva e impessoal. A poesia é nossa forma de vomitar na sociedade, mas sua medicridade aparende e subentendida... Como disse Glauber Rocha no filme "Terra em Transe" ... eu me dou ao vão exercício de escrever poesia... mas podemos pensar que a poesia sempre existiu, há milhares de anos e continura a existir enquanto houver existência neste planeta triste chamado "Terra".