domingo, 14 de outubro de 2007

11 anos sem Renato Manfredini Jr.


No ultimo dia 11 de outubro completaram-se onze anos sem Renato Russo, ele faleceu em 1996, uma data fatídica para todos os legionários.
Calou-se a maior voz e o maior letrista do rock nacional dos anos 80, ele foi o mais expressivo... Suas palavras fizeram parte da vida de muitos jovens nas esquinas de um Brasil ainda assombrado pela ditadura militar (1964/1985). Em 1978 ele escreveu “Que País é este” E não é que ela continua atual e relevante... Poderia muito bem servir de trilha sonora para o caso Renan Calheiros...A juventude dos anos 2000 não possui um Renato Russo... A juventude de hoje tem que se contentar com o poeta skatista Chorão que de longe não sabe escrever poesia e nem declarações de amor. Porta voz de uma periferia que não me representa. Mas isso não vem ao caso.
Falando de Renato Russo, sentimos muito sua falta... No último disco da Legião Urbana "A Tempestade” sentimos a força que ele possuía nas palavras, por exemplo, nas primeiras palavras do disco sentimos a pujança: “Vamos falar de pesticidas e de tragédias radioativas, de doenças incuráveis, vamos falar de sua vida”.(Natália) denúncia os tempos de desencanto, e a doença maligna que por irônia do destino o matou.
Renato Russo foi mais que um cantor que atingiu a fama e o dinheiro... Ele personificou nossos anseios nas suas canções... Foi um artista completo, íntegro, fiel a si mesmo...Sincero com o seu público... Não colocou a canção “Clarisse” no último disco devido ao caráter suicida da canção. Não quis cerimônia de velório porque sabia da histeria coletiva que se tornaria tal evento.
O cantor britânico Morrissey tem um pensamento que encaixo no Renato: “Os melhores mundos são únicos”. Por que será? Não se cria “gênio” nas escolas...Os grandes pensadores e as almas espirituosas não têm espaço neste mundo moderno? O que sobrará para nós? Os medíocres da TV que se acham e se definem como artistas? Os que vão ao jornal para reclamar do assalto do seu Rolex, que custa 10 mil reais... Que decadência vive este país... Que saudade eu sinto do Renato Russo e suas entrevistas inspiradas... Eu nunca tive vergonha de dizer que ele me influenciou muito, através dele descobri a literatura e os filmes de Jean-Luc Godard. 1984, livro homônimo de George Orwell, li por causa do Renato que o citou numa de suas entrevistas. Os cantores de hoje, seja do sertanejo brega ou do forró esdrúxulo passam o que para o seu público? Mostram suas mansões na revista caras ou no programa do Gilberto Barros ou ainda vão ao cafona Silvio Santos brincar no qual é a música?... Que falta de propensão artística... Falta-lhes imaginação, simplesmente são pessoas que nunca viram tanto dinheiro na vida são os “emergentes” novos ricos que não possuem cultura para o dinheiro que ganharam. Que afundem nesse poço de merda contemporâneo nos status que a mídia propõe...
Lembro-me do dia 11 de outubro de 1996, eu estava dormindo quando meu sobrinho me disse: -Tio o Renato Russo morreu. Levantei atônito e não acreditei: pára com isso rapaz, isso não é brincadeira. Liguei o rádio e estava tocando “Quando o sol bater na janela do teu quarto” quando o locutor disse: -Morreu nesta madrugada o cantor e compositor Renato Russo. Como chorei... foi uma das minhas maiores amarguras nesta minha vida... Não foi o cantor famoso que morreu... Foi o meu melhor amigo da juventude...Comprei o disco “Dois” em cassete em 1986, e como aquele disco mudou a minha existência... Quando escutei estes versos... “Ás vezes parecia que de tanto acreditar/ em tudo que achávamos tão certo/ teríamos um mundo inteiro/ e até um pouco mais/ faríamos florestas num deserto/ eu sei é tudo sem sentido/ quero ter alguém com quem conversar/ alguém que depois não use o que eu disse/ contra mim.”(Andréa Doria) isso foi uma cartase, um grito da uma geração, cansada de um país atolado na lama do atraso, atolado nos retrógrados: Sarney,ACM e Cia LTDA.
Eu, chorei parafraseando uma frase do Cazuza “Meus heróis morreram de AIDS, meu inimigos estão no poder”.IDEOLOGIA EU QUERO UMA PRA VIVER.
Renato Russo vive...Fui em 2003 a rua Nascimento Silva no bairro de Ipanema, e fiquei olhando para o apartamento de três andares e pensei: será que ele está sentado na cadeira fumando um cigarro? Para mim ele não morreu... Foi dar uma volta na lua em busca de amor... Um dia ele volta.
Renato Russo (27/03/60-11/10/96) NÃO FOI TEMPO PERDIDO.