segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

É sempre assim todo natal...

Quantas crianças irão dormir com fome nesse natal?
Os marginalizados socialmente – excluídos do qualquer forma de renda, e consecutivamente não compram – vivem numa condição paupérrima de existência – não tem o que comer e nem onde morar – subsistem nas ruas, nas praças e pontes.
Não enxergamos a miséria alheia, pois ela apresenta que estamos bem – e jogamos essa responsabilidade nas autoridades governamentais.
A sociedade brasileira age como se não tivesse nenhum encargo social – já faz sua parte votando em corruptos.
O Brasil tem uma dívida social imensurável – que poderíamos chamar de crime contra o seu povo – joga e mantém inúmeros homens, mulheres e crianças numa condição completa de subsistência servil.
Nosso descaso com educação pública – nosso preconceito, não declarado, mas evidente aos negros e índios – as enormes favelas urbanas – o tráfico de armas e drogas – a decadência irrestrita dos serviços públicos – aliado a corrupção e as tramóias política, ética e moral.
Herdamos de Portugal as piores mazelas sociais e culturais possíveis – dentro dessa miscelânea, não percebemos as dinâmicas relações estabelecidas numa sociedade complexa e desigual.
Há tempos ouvimos: “somos o país do futuro” – essa afirmação não passa de quimera e/ou recurso definitivamente retórico.
Na triste realidade somos sem querer admitir uma República atrasada – que guarda em seu âmago as mais arraigadas dicotomia e desigualdades sociais.
O Brasil é um país entregue a propriedade privada, isto é, em nome do lucro e dos interesses de uma pequena parcela da sociedade – relega sua população a miséria, e as mais refinadas armadilhas da pobreza.
Onde está e onde se concretiza o estado democrático de direito – como afirmam nossos renomados legalistas?
A meu ver quando a população é obrigada a frequentar uma escola destituída de função social e função pedagógica – uma escola mercantilista que prepara sua clientela para ser mão-de-obra desqualificada e barata, não poderemos falar em estado de direito.
Nossa dívida social é histórica: o Império não resolveu, a República não solucionou e muito menos a nossa frágil democracia liberal.
Nesse natal eu me sentarei num lugar tranqüilo e distante – longe de todo esse ufanismo produzido pelo falso poder de compra – sou solidário aos que nada tem, porque eles não possuem ninguém que os olhe – por isso não tenho nada pra comemorar.