domingo, 28 de outubro de 2007

Canção



O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação


o peso
o peso que carregamos
é o amor.


Quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -


sai para fora do coração
ardendo de pureza -


pois o fardo da vida
é o amor,


mas nós carregamos o peso
cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.


Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sono
sem sonhos
de amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
- não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contigo
quando negado:


o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.


Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -


sim, sim,
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar
ao corpo
em que nasci.

On The Road completa 50 anos...


On The Road completa 50 anos...

O livro mais famoso de Jack Kerouac completou cinqüenta anos... Sinônimo de liberdade influenciou muita gente que sonhava com uma “América” menos moralista e repressora. O titulo que ganhou em português se encaixa perfeitamente na narrativa do livro “Pé Na Estrada” sem duvida nenhuma foi a Sagrada Escritura da geração 60 e de todas as posteriores, exceto a geração 90 que na minha singela opinião nada fez além de vestir suas roupas sujas e eleger o Kurt Cobain com seu porta-voz.
O personagem que mais me identifico no livro é Dean Moriaty, depois Sal Paradise...
A ultima cena do livro me emocionou demasiadamente, é justamente a despedida dos grandes amigoa Moriaty e Paradise... simplesmente de amargar o coração.
A América e o mundo precisariam de mais alguns como estes: Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, os poetas da geração Beat que mudaram os rumos de uma juventude assolada pelo puritanismo e pela tradição protestante que castra e aniquila cérebros.
O “Pé na Estrada” é o exemplo mais tangente que livros transcendem suas próprias limitações transformam pessoas e suas respectivas vidas.
Depois da geração Beat veio James Dean e o Rock n´ Roll... Jim Morrisson e todos os outros que mudaram nossas vidas.

Diário de William Bourroughs(1914-1997)


O caviar chegou. Sabe, filho, quando o sujeito se vicia em caviar Beluga, não há nada que não fará para satisfazer a fome de caviar que o consome.

Ele pode mentir, trapacear, pode até matar para conseguir uma porção. Pode chegar ao ponto em que nem humano é mais. Apenas um veículo para a vil prostituta troiana russa, oferecendo seu produto mortífero.

Posso imaginar alguém indo à falência de tanto comprar o melhor Beluga. Um dia ele chega a sua casa e sua filha de 15 anos e outros adolescentes estão comendo seu Beluga, acompanhado de milk-shake.

"Venha se juntar à festa, pai." Ela ergue o vidro vazio. "Chegou tarde." Ele seria capaz de matar todos, se não tivesse caído morto pela "Falta de Caviar na Hora Certa".

* Segunda, 5 de maio.

Allen morreu no dia 5 de abril de 1997.
Is it not time to
Dance and sing
While the bell of
Death do ring?
Turn on the toe
Sing out "Hey Nanny Noo".

* Segunda, 12 de maio.

Lembro no sonho que eu era jovem, com a vida toda à minha frente, em 1890, cidade pequena, cheia de gente simpática.

Gente simpática e ignorante. Eu não estava com pressa nenhuma. Dólares de prata chacoalhando no meu jeans. Na época em que um dólar comprava um banquete.

Acompanhado de um vinho francês da melhor safra e, é claro, do melhor caviar Beluga. Ou então você podia pagar uma boa transa. Qualquer tamanho, raça ou cor.

Então, onde foi que erramos? Acho que o erro sempre esteve ali. ''Segurança, a máscara amigável da transformação. Para a qual sorrimos, sem vermos o que sorri por trás dela.'' (Edwin Arlington Robinson)

Sinto-me frio e envelhecido. Sinto-me como Teiresias, morto há 15 dias, e as ondas desnudando seus ossos em sussurros _aquelas velhas, velhas palavras. Tantas cenas terríveis com _esqueça, desative, deixe pra lá, é apenas sua memória agora, remova-a. Você tem o poder de fazê-lo.

* Sábado, 24 de maio.

Dia legal a quarta-feira com a banda ME TOO (U2) em Kansas City. Gosto dessas apresentações públicas _como injeções de boa vontade recíproca sincera.

I'll go right back where
the bullets fly and
stay on the cow
until I die.

Aqui eu desabo, rindo. Tentando pensar numa leitura realmente nova que consiga transmitir quem sou e por que estou aqui. Tenho que fazer isso.

Começamos com a grande e feia mentira americana. Allen Ginsberg, segundo George Will, construiu sua carreira a partir das disfunções da Sociedade Americana.

Allen roeu um furo na Mentira; foi dele o Uivo ouvido no mundo todo, da Cidade do México até Pequim, o Uivo da juventude distorcida, sufocada.

A influência mundial de Allen foi algo sem precedentes. Ele, com a coragem de sua sinceridade total, encantou e desarmou as selvagens Feras da Fraternidade Estudantil.

* Domingo, 25 de maio.

Todos os governos são erguidos sobre mentiras. Todas as organizações são erguidas sobre mentiras. As mentiras podem ser inofensivas, como a mentira da droga milagrosa, a metadona, que supostamente remove o desejo de heroína (claro, como o gim alivia a necessidade de uísque).

A droga surgiu em meio a mentiras explicadas a mim por um dos primeiros médicos.

A metadona é a primeira síntese bem-sucedida da molécula de morfina. Em Tânger, tive um hábito de dois anos de metadona injetável que era droga pura.

Quem são os malucos antidrogas? De onde vêm?

Fato: a cannabis é uma das melhores drogas para combater a náusea, aumenta o apetite e o bem-estar.

Também estimula os centros visuais cerebrais. Já tive tantas imagens ótimas conseguidas com cannabis. Na minha época de saladas, eu usava só ela, e que realizações consegui! (''E que acasalamentos!'', como exclamou um crítico francês admirado.)

Algumas tragadas na teta verde e consigo enxergar múltiplas saídas e caminhos. Então por que tanta repressão a essa substância inofensiva e prazerosa?

Quem é você, para quem a verdade é tão perigosa? O que é a verdade? Algo imediatamente percebido como sendo a verdade.

Allen abriu rombos na Grande Mentira, não apenas com sua poesia, mas com sua presença, sua verdade espiritual auto-evidente.

Últimas palavras ''dois a cinco meses, os médicos disseram'', disse Allen, ''mas eu acho que vai ser muito menos''.

Depois ele me disse: ''Achei que ficaria apavorado, mas estou totalmente feliz!''. Suas últimas palavras a mim. Eu me recordo de falar com ele pelo telefone antes do diagnóstico fatal, e já estava ali em sua voz _distante, fraca. Então eu soube.

* Segunda, 26 de maio.

A busca da resposta final _o Santo Graal, a Pedra Filosofal. Uma miragem que se distancia. De qualquer modo, quem quer uma resposta final?

Perguntei a um físico japonês: ''Você realmente quer conhecer o segredo do universo?''. Ele disse: ''Sim''. Pensei que uma pequena fração desse segredo seria o suficiente para fazer você subir pela parede. Quanto a mim, só quero saber o que preciso saber para fazer o que preciso fazer. ''Sou apenas um Sargento Técnico.''

Será que quero saber? Já tentei psicanálise, ioga, o método de posturas de Alexander, fiz um seminário com Robert Monroe, fiz viagens para fora do corpo, Cientologia e saunas indígenas.

Procurando uma resposta? Por quê? Você quer saber o segredo? Nada disso. Tudo está no que não está feito.

Onde estão a cavalaria, a nave espacial, o esquadrão de resgate? Fomos abandonados aqui neste planeta governado por filhos da puta mentirosos, de poder cerebral modesto. Sem sentido. Nem uma minúscula fração de boas intenções. Filhos da puta mentirosos.

* Sexta, 30 de maio.

Uma revisão da vida não é um relato ordenado, da concepção até a morte. São fragmentos daqui e dali. Um telefonema. Um recado, meus óculos estão prontos. ''O senhor pode se sentir bastante bem com codeína.''

Um comentário: ''Ele parece um cão matador de ovelhas''. Dito a meu respeito por Pollet Elvins, pai de Kells, que, mais tarde, enlouqueceu de paresia.

* Sábado, 31 de maio.

Sobre seu rosto, uma sucessão de imagens da história do homem do século 20. A Segunda Guerra Mundial, a chegada à Lua. Burroughs com um terno negro e um chapéu. Uma figura sinistra.

Pouco antes de sua morte, dizia adorar apenas os gatos que circulavam por sua casa e pensava profundamente sobre caviar.

Sentia horror por uma sociedade que criava estado policial para controlar o desejo de fumar um cigarro no trabalho, bar e restaurante. Duvidava da qualidade de vida. Tinha fé apenas em si mesmo.

Aquele réptil asqueroso Gingrich, dedo-duro do Congresso, anda falando imbecilidades sobre uma América livre de drogas até o ano 2001. Perspectiva deprimente!

É claro que não estão incluídos álcool e cigarros, cujo consumo vai aumentar vertiginosamente. Como se pode ter um Estado livre de drogas? Simples. Uma operação pode remover os receptores de drogas do cérebro.

Quem se recusar a fazer a cirurgia será privado de todos os seus direitos. Eles não vão poder alugar casa, os restaurantes e bares vão se negar a atendê-los. Não terão passaporte, nem benefícios sociais, nem cobertura médica, nem direito de comprar armas de fogo.

Como odeio os que se dedicam a gerar conformismo. Com que objetivo? Imagine a banalidade estéril de uma América livre de drogas.

Nada de drogados, apenas bons e decentes americanos de vida limpa, de uma costa brilhante à outra. Toda a área da dissensão extirpada, como um furúnculo.

Nada de favelas. Nada de regiões de operações clandestinas vagas. Nada de nada. Ali fora, nas ruas impiedosas do meio-dia. Nada de cartas.

Até que ponto será bom ter conformismo total? Que lugar vai sobrar para a singularidade? E a personalidade? E você e eu?

* Quarta, 4 de junho.

''J'aime ces types vicieux, qu'ici montrent la bite.'' Gosto dos tipos sacanas que mostram o pau aqui. Anônimo, num mictório de Paris.

''Não é ótimo cantar e dançar enquanto os sinos da morte tocam e giram na ponta dos pés e cantar 'Hey Nanny Noo'.'' Sim, amo a vida em toda sua diversidade, mas enfim o sino toca, assinalando a chegada da noite.

* Sexta, 6 de junho.

Fico imaginando qual será o futuro do romance ou de qualquer forma de escrita. Depois de Conrad, Rimbaud, Genet, Beckett, Saint-John Perse, Kafka, James Joyce, Paul Bowles e Jane Bowles.

Com Paul, havia uma escuridão sinistra, como um filme sub-revelado. Com Jane? Como seus personagens se movem?

É especial demais para formular em palavras. O que resta a ser dito? Ah, esqueci-me de Graham Greene. Talvez houvesse justamente aquele tanto de ''sumo'', como Hemingway costumava dizer, mas não o suficiente para uní-lo a Joyce e aos poucos eleitos.

Faltou um pouquinho. Ele se matou de vaidade e auto-inflação, e aí o balão se rompeu. Ele sabia que estava acabado. ''A coisa não vem mais.'' Ele não estava mais ali, simplesmente.

Voltando à literatura. Talvez não haja mais nada a dizer. Conrad disse muito do que havia a se dizer em ''Under Western Eyes'' e ''Lord Jim'', e Genet o disse na costa espanhola.

Posso sentir sua fome, descendo ao lado do cais onde o pescador às vezes lhe atirava um peixe, que ele assava sobre uma fogueira de gravetos e comia sem sal.

Para que continuar? ''O bonde descreveu uma curva larga em 'u' e parou; era o fim da linha.'' Paul Bowles no final de ''Sheltering Sky''. Céu. Não consigo nem mesmo escrever a palavra céu. Acho que sinto _para que continuar?

* Sexta, 1º de agosto.

Amor? O que é? O analgésico mais natural. O que há. AMOR.

Tradução Clara Allain



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O príncipe negro da literatura sobrevive
de Marcelo Rezende


Para sempre, como uma condenação, um viciado. De William . Burroughs, o romancista, ator, pintor, panfletário e poeta, morto no último dia 2 de agosto, aos 83 anos, a mídia de língua inglesa se lembrará assim.

No lugar do aventureiro, o heroinômano. Ocupando o espaço do cultor da prosa experimental, "reinventor" da ficção científica e herdeiro exaltado do surrealismo, o consumidor compulsivo de haxixe no Marrocos, de cannabis no México ou de anfetamina na ensolarada _para ele quase nunca a luz_ costa da Califórnia.

''Junky'' ("Drogado") é então menos um romance, um relato e uma memória, mas, antes, uma carta de intenções de quem, pelas escolhas da prosa e da vida, tem a extrema pretensão de não caber no Ocidente.

O ano é 1953, em uma década de grandes acontecimentos. Burroughs já havia matado sua mulher com um tiro, alegando ter sido um acidente infeliz. Morre também, com o caso, os restos de sua heterossexualidade relutante. Até o fim, amará apenas meninos.

O livro é então caçado e proibido, pois a ninguém interessa a história de um homem que rouba, mente e ataca em nome do vício para, no final, aprender ser a vida o acúmulo de casos sem sentido, decretando que uma moral só é possível em fábulas infantis.

Não é um gênio. Não é o melhor nem mesmo o único. Seguem seu rastro o poeta Allen Ginsberg (1926-1997) e o romancista Jack Kerouac (1922-1969). São a ''beat generation'' e estão infelizes com os EUA da opulência do pós-guerra e da idéia de uma vida correta. Um desconforto que pretende oferecer alternativas aos que não se ajustam aos bons costumes.

Mas tudo se dissolve nos anos 60. Há agora contracultura, Beatles, maio de 68 e LSD. Ele sabe que não dará certo. É impossível, parece-lhe. O mundo está condenado ao inferno da ditadura infeliz da classe média, ou do totalitarismo, pensa em Paris, Londres ou na selva latino-americana.

Prevê doenças assassinas. Espera o dia em que os governos possam controlar a mente de seus cidadãos, pois para Burroughs a linguagem é um vírus.

Passa então dias errando pelo deserto com uma espingarda, atirando para o alto. Burroughs, o paranóico. O ''Noam Chomsky do submundo''. O admirado e pouco lido ''príncipe negro'' da literatura norte-americana.

Mas sobrevive. Atravessa as décadas e assiste a um show de oportunismo com seu nome. Escreverá ''The Western Lands'' (1987), outra obra máxima após ''Almoço Nu'' (1959), e outras tantas, sempre lançadas em silêncio, seguirão depois.
É fotografado ao lado de bandas de rock, cantores de rap, cineastas e artistas performáticos. Sorri para a imprensa e ensina aos novatos a arte da dissimulação. Aparece na TV de seu país em um comercial para uma marca japonesa de tênis. A frase, na tela, é profética: ''Eu acredito em alta tecnologia''.

Sobre seu rosto, uma sucessão de imagens da história do homem no século 20. A Segunda Guerra Mundial, a chegada à Lua. Burroughs com um terno negro e um chapéu. Uma figura sinistra.

Pouco antes da morte, dizia adorar apenas os gatos que circulavam por sua casa e pensava profundamente sobre caviar.
Sentia horror por uma sociedade que criava estado policial para controlar o desejo de fumar um cigarro no trabalho, bar e restaurante. Duvidava da qualidade da vida. Tinha fé apenas em si mesmo.

Textos publicados no caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo do dia 29 de agosto de 1997

Domingo


Um prato sujo na pia
A macarronada insossa na mesa
Meus olhos sorumbáticos na janela
E a cólera presente na retina
Sou egoísta e sempre serei,
Bom seria se todos confirmassem
Suas aberrações e excentricidades
A vida seria menos bestial.
Gostaria de colocar minha alma
Para secar ao sol...
Gostaria de dar férias
Para as pessoas estúpidas
Gostaria de viver para
Os beijos...
Eu sou um paradoxo
Eu sou às contradições
Antigas que chamamos
De perversidade,
Eu amo as flores cândidas
Do outono
Eu flerto com a morte
Dia e noite
Dos ventos solitários
Ao cume dos prazeres
Dou apenas um passo.
Desafio à compaixão
Com indiferença.
Detesto o amor passivo
E sofro com a letargia
Humana.
Domingo eis o nosso
Marasmo,
Dia de se pensar e filosofar
A vida
Enquanto engolimos
O macarrão nosso
Do desânimo.
C.V.W. 28/10/2007

Tabacaria (Fernando Pessoa)


TABACARIA
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.


Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.


Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.


Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)


Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.


(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)


Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente


Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.


Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.


Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,


Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.


Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.


Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.


Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.


(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

domingo, 21 de outubro de 2007

Última do jornal. Será que nós eleitores somos palhaços?


Possíveis candidatos.

Como de costume no Domingo compro o jornal, para me atualizar e ver as novidades que estão acontecendo no mundo e no Brasil.
Hoje gostaria de comentar sobre as eleições de 2008 e os possíveis candidatos que lançaram a sorte no ano que vem.
Chamou-me bastante a atenção os nomes. Para vereadores de São Paulo: 1) Léo Aquilla (o transformista). 2) Sérgio Malandro (o comediante). 3) Ronaldo Vésper ( o estilista afetado). 4) Renata Banhara (capas de revista de marmanjos). Quem dá mais?
Depois de Frank Aguiar e Agnaldo Timóteo (deputado e vereador) respectivamente e a volta de Paulo Maluf e Fernando Collor de Mello, o que podemos esperar para o futuro do nosso estado e do nosso famigerado país?
Fiquei refletindo sobre esses nomes e pensando profundamente no que eles poderão fazer por nós, além de embocar o nosso dinheiro que vem de inúmeros impostos que temos que pagar.
Realmente estamos muito bem servidos de candidatos para a próxima eleição, e se estes são os nomes para vereadores de São Paulo e quem será o que se lançarão a presidente do Brasil? Faustão, Gugu Liberato, Silvio Santos?
Que venha 2008... E 2010.
Será que esse é nosso futuro? E ainda fazem campanha para os de 16 anos votarem...
Que país sem criatividade, por falta de nomes de peso, ficamos a mercê dessa bandalheira.
Boa sorte Brasil o futuro está lançado e nossa sorte também, que deus nos proteja.

domingo, 14 de outubro de 2007

11 anos sem Renato Manfredini Jr.


No ultimo dia 11 de outubro completaram-se onze anos sem Renato Russo, ele faleceu em 1996, uma data fatídica para todos os legionários.
Calou-se a maior voz e o maior letrista do rock nacional dos anos 80, ele foi o mais expressivo... Suas palavras fizeram parte da vida de muitos jovens nas esquinas de um Brasil ainda assombrado pela ditadura militar (1964/1985). Em 1978 ele escreveu “Que País é este” E não é que ela continua atual e relevante... Poderia muito bem servir de trilha sonora para o caso Renan Calheiros...A juventude dos anos 2000 não possui um Renato Russo... A juventude de hoje tem que se contentar com o poeta skatista Chorão que de longe não sabe escrever poesia e nem declarações de amor. Porta voz de uma periferia que não me representa. Mas isso não vem ao caso.
Falando de Renato Russo, sentimos muito sua falta... No último disco da Legião Urbana "A Tempestade” sentimos a força que ele possuía nas palavras, por exemplo, nas primeiras palavras do disco sentimos a pujança: “Vamos falar de pesticidas e de tragédias radioativas, de doenças incuráveis, vamos falar de sua vida”.(Natália) denúncia os tempos de desencanto, e a doença maligna que por irônia do destino o matou.
Renato Russo foi mais que um cantor que atingiu a fama e o dinheiro... Ele personificou nossos anseios nas suas canções... Foi um artista completo, íntegro, fiel a si mesmo...Sincero com o seu público... Não colocou a canção “Clarisse” no último disco devido ao caráter suicida da canção. Não quis cerimônia de velório porque sabia da histeria coletiva que se tornaria tal evento.
O cantor britânico Morrissey tem um pensamento que encaixo no Renato: “Os melhores mundos são únicos”. Por que será? Não se cria “gênio” nas escolas...Os grandes pensadores e as almas espirituosas não têm espaço neste mundo moderno? O que sobrará para nós? Os medíocres da TV que se acham e se definem como artistas? Os que vão ao jornal para reclamar do assalto do seu Rolex, que custa 10 mil reais... Que decadência vive este país... Que saudade eu sinto do Renato Russo e suas entrevistas inspiradas... Eu nunca tive vergonha de dizer que ele me influenciou muito, através dele descobri a literatura e os filmes de Jean-Luc Godard. 1984, livro homônimo de George Orwell, li por causa do Renato que o citou numa de suas entrevistas. Os cantores de hoje, seja do sertanejo brega ou do forró esdrúxulo passam o que para o seu público? Mostram suas mansões na revista caras ou no programa do Gilberto Barros ou ainda vão ao cafona Silvio Santos brincar no qual é a música?... Que falta de propensão artística... Falta-lhes imaginação, simplesmente são pessoas que nunca viram tanto dinheiro na vida são os “emergentes” novos ricos que não possuem cultura para o dinheiro que ganharam. Que afundem nesse poço de merda contemporâneo nos status que a mídia propõe...
Lembro-me do dia 11 de outubro de 1996, eu estava dormindo quando meu sobrinho me disse: -Tio o Renato Russo morreu. Levantei atônito e não acreditei: pára com isso rapaz, isso não é brincadeira. Liguei o rádio e estava tocando “Quando o sol bater na janela do teu quarto” quando o locutor disse: -Morreu nesta madrugada o cantor e compositor Renato Russo. Como chorei... foi uma das minhas maiores amarguras nesta minha vida... Não foi o cantor famoso que morreu... Foi o meu melhor amigo da juventude...Comprei o disco “Dois” em cassete em 1986, e como aquele disco mudou a minha existência... Quando escutei estes versos... “Ás vezes parecia que de tanto acreditar/ em tudo que achávamos tão certo/ teríamos um mundo inteiro/ e até um pouco mais/ faríamos florestas num deserto/ eu sei é tudo sem sentido/ quero ter alguém com quem conversar/ alguém que depois não use o que eu disse/ contra mim.”(Andréa Doria) isso foi uma cartase, um grito da uma geração, cansada de um país atolado na lama do atraso, atolado nos retrógrados: Sarney,ACM e Cia LTDA.
Eu, chorei parafraseando uma frase do Cazuza “Meus heróis morreram de AIDS, meu inimigos estão no poder”.IDEOLOGIA EU QUERO UMA PRA VIVER.
Renato Russo vive...Fui em 2003 a rua Nascimento Silva no bairro de Ipanema, e fiquei olhando para o apartamento de três andares e pensei: será que ele está sentado na cadeira fumando um cigarro? Para mim ele não morreu... Foi dar uma volta na lua em busca de amor... Um dia ele volta.
Renato Russo (27/03/60-11/10/96) NÃO FOI TEMPO PERDIDO.

sábado, 13 de outubro de 2007

Mônica Veloso é a síntese das mulheres vulgares.


Renan Calheiros 0 x 3 Mônica Veloso

Esta semana vivemos uma agitação política... O nosso famigerado senador resolveu se afastar do cargo de presidente do senado por 45 dias. Na minha opinião como cidadão acredito que ele deveria abandonar o seu mandato, para manter um pouco de hombridade. Ele não tem nem um pouco né?
Nossos políticos são verdadeiros apáticos, vivem se esbofeteando pelos corredores do senado só defendendo o poder e seus mandatos...O povo que se dane literalmente.
Gostaria de registrar um fato grotesco desta semana, em meio a toda esta sujeira política, a pivô do escândalo Mônica Veloso teve seu cinco minutos de fama:sua revista Playboy foi um sucesso no planalto. Na minha opinião ela não passa de um arrivista, uma pessoa que se aproveitou de um escarcéu pra ficar famosa, falta-lhe talento... Se não fosse o envolvimento com o senador alagoano ela não passaria de um desconhecida na multidão...Esta mulher representa o que de mais grotesco o universo feminino possui... Imbecis aqueles que compraram esta revista... Dar dinheiro pra essa aproveitadora barata... O curso de jornalismo não lhe servil de nada. O mundo moderno é engraçado “qualquer um pode se tornar uma celebridade” basta se envolver num escândalo trivial. A mídia é muito singular nas suas escolhas: transforma estes esqueletos em “celebridades fugazes” quem se lembrará dessa boçal daqui a cem anos?
Os verdadeiros artistas que precisam mostrar seus trabalhos não têm a oportunidade...além de mostrar sua nudez para ganhar uns trocados, ela ainda ganhará um programa de TV, nada mal para quem era apenas a ex. amante do presidente do senado.
Oportunista ela? Que nada o povo brasileiro adora esses tipos: namorada de piloto de fórmula 1, jogadores de futebol, participantes de reality show "estes são os verdadeiros artistas" Viva esses malditos na sua aparente pobreza de espírito.
A sociedade chama mulheres que ficam nas esquinas fazendo sexo por dinheiro de putas,prostitutas ou meretrizes... Será que elas que são putas? Deixo esta pergunta para uma póstuma reflexão.

MORRE NOSSO MAIOR ATOR... Paulo Autran(1922-2007)


Uma perda irreparável... Perdemos nesta quinta-feira o maior ator dentre os atores... Vitima de um câncer no pulmão e enfisema pulmonar , Paulo Autran, 85, faleceu ontem, ás 16h10 no hospital Sírio-Libanês,em São Paulo....O Brasil perde não só seu melhor ator como também um homem de Sensibilidade ímpar, um intelectual, alguém que influenciou muitos atores... Ele amava o teatro, tanto que ficou em cartaz com o “Avarento” de Moliere até maio deste ano...Paulo Autran foi o maior ator brasileiro sua contribuição ao teatro brasileiro é inegável. Ele participou de 90 montagens teatrais, 23 filmes e 4 novelas... Atualmente declamava poesias na Bandnews FM.
Seu papel mais emblemático no cinema foi no filme “Terra em Transe” de Glauber Rocha, de 1967. Paulo Autran foi o único ator que não precisou fazer novelas exaustivamente para continuar como ator... o teatro era seu retabulo, seu Éden, sua respiração. “A maior tragédia na vida de um homem é perder aquilo que se ama...” já dizia Oscar Wilde, e penso que Paulo Autran não agüentaria viver sem poder colocar os pés nos palcos sagrados do teatro, preferiu fechar as cortinas... se encontrar com os deuses gregos...Ele era especial, singular podíamos ver isso na sua voz e rosto.
Paulo Autran sobre a morte:
"Acho que a morte é que faz a vida ser boa.Já imaginou que horror viver eternamente? Para sempre? Não poder morrer, não poder acabar? E é por isso que viver é bom, é tão impressionante, e tão prazeroso." abril de 2007.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

As superstições modernas


Na visão dos religiosos de fé irracional o “diabo” é o responsável por todos os infortúnios da experiência humana, diga-se de passagem este é um ponto de vista desprovido de sentido e razão.
O diabo anda tão atarefado nos dias de hoje, ele influencia os homens a cometer os delitos e estimula-os não? Marx já dizia que a religião seria ópio do povo, e não é que ele tinha conhecimento de causa para tal afirmação.
A promessa da vida eterna e o espectro de satã são os motivos do apogeu da igreja, uma tática infalível quando se trata de pressão psicológica. Aqueles que comandam o pensamento das massas sabem bem como dominá-los sempre!
A salvação interessa ao estado e o pseudo-intelectual, reforça sua principal finalidade “o controle e estabilidade da ordem e, conforto das massas de trabalho”.
O protestantismo é demasiado pobre de interpretações e significado, pregam a bíblia como se ela fosse a voz verdadeira de deus, uma confiança inquestionável e irrefutável. A base para o controle cristão é: 1) sujeição a deus, sem questionamentos, “apenas obedeço e calo-me.” Não sei ao certo porque obedeço. 2) psicologia do medo, usa de ameaças e promessa de punição a todos aqueles que não seguem os mandamentos.
O medo da morte, e o medo da solidão são muito temidos no inconsciente das massas.
O individuo cristão é doutrinado gradualmente nas inúmeras formas de “renuncia”.
Renuncia-se a subjetividade, renuncia-se ao pensamento analítico, renuncia-se o próprio “eu”, assim todas as possibilidades de singularidade findam.
A Idade Média ficou no pretérito mais que perfeito da história, mas, os valores, temores e as crendices não se extinguiram da moral e do mundo, apenas vestiram outra roupagem.
“Prosperidade” é o termo mais empregado em nossos dias, os lideres nas suas exortações habituais banalizam tal conceito. “Castração” outro apelo exacerbado da religião em atinar os instintos e os desejos dos jovens sem vontade própria.
Os papas não se casam, apenas para não dividir os “bens” da Sta e imaculada igreja. O voto de pobreza só não se aplica no seio do Vaticano.
Indulgências também são vendidas por preços razoável nos dias atuais...
Catolicismo e protestantismo foram separados pelo ódio e pelo contexto histórico, duas pragas de velha data que conquistaram seus impérios.
O cristianismo em todas as suas correntes carece de criatividade, destruíram o paganismo e recauchutaram o mito, simplificando a gênese do mundo em sete dias, e resumiram o aparecimento dos seres vivos em apenas dois seres: Adão (homem) e Eva (mulher), e o fruto (filho) dessa sinistra relação foi o pecado original.
E o que viria a ser o pecado? Crueldade, iniqüidade, maldade, perversidade, culpa e defeitos... Estas são algumas das definições para tal assunto. Curioso é o fato de que os deuses gregos possuírem todos estes defeitos, assumindo-os para si, humano demasiado humano, enquanto na mítica cristã somos a imagem e semelhança de deus, podendo alcançar a perfeição, não na terra mas no céu.
A meu ver pecado é: a fome, a guerra, a fealdade, a falta de respeito, a indiferença, o individualismo, o consumismo doente, o analfabetismo,o desamor, a intolerância, o preconceito, sexismo, machismo e todas estas pestes derivadas do pensamento cristão; seita de vanguarda que se transformou em poder e aristocracia.
O feudalismo lhes caiu como uma luva (papas e o clero).
Viva o séculos XI ao XIII, dos horrores e das guerras santas...
Viva o surgimento da burguesia com seu pornográfico egocentrismo.
Estamos esperando o século XXI começar, longe dessa caretice e burrice vigentes.
Os donos do mundo promoverem o Apartaid, e a AIDS...