segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Poema da dor no.3 (Cláudio V. Wild) 25/10/2010

Quando a história nos convida
Para um passeio escarpado
Nas vias tortas da nossa consciência
Um grito primal nos apodera...
Temos esquecido nosso passado,
Vivendo um presente agonizante
E pretendendo matar um possível Futuro.
O juiz da consciência solta
Um veredicto sarcástico
- culpados!
Por renunciar a vida
Comendo bocetas e
Usando drogas torpes...
Será que algum dia
Deixaremos a sordidez
Para realmente vivermos
Uma existência menos Ordinária?
Por enquanto ouviremos
Canções do bardo canadense.

Famoso Casaco Azul (Leonard Cohen)

São quatro horas da manhã
Num final de dezembro
Estou escrevendo agora
Somente para ver se você está melhor
Nova York estava fria,
Mas eu gosto de onde estou vivendo
Há música no Clinton Street
Tudo através da noite

Ouvi dizer que você está construindo
Sua pequena casa
Profundamente no deserto
Você está vivendo por pouco agora
Espero que você esteja mantendo
Algum tipo de registro

Sim e
Jane veio com uma presilha em seus cabelos
Ela disse que você deu a ela
Naquela noite em que você planejava ficar limpo
Você nunca vai parar?

A última vez que te vi
Você parecia bem mais velho
Sua sua famoso casaco azul
Estava rasgado no ombro
Você foi para a estação
Para a reunião de cada trem
Você veio para casa sozinho
Sem Lili Marlene

Você tratou minha mulher
Como uma fagulha de sua vida
E quando ela voltou
Ela era a mulher de ninguém

Então eu vi você
Lá com uma rosa em seus dentes
Só mais um fino ladrão cigano
Eu vejo Jane acordar agora
Ela entrega sua lembrança

O que posso dizer a ti
Meu irmão, meu assassino
Possivelmente o que posso dizer?
Acho que eu sinto sua falta
Acho que eu te perdôo
Estou feliz que você ficou no meu caminho

Se você alguma vez vir até aqui
Para mim ou para Jane
O teu inimigo está dormindo agora
E sua mulher está livre

Obrigado pelo problema que você tirou
De seus olhos
Eu pensei que estava ali por bem
Então eu nunca tentei

Jane veio com uma presilha nos seus cabelos
Ela disse que você deu a ela
Na noite que você planejava ficar limpo

Atenciosamente, L Cohen

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Domingos Oliveira- um artigo interessante

Para falar de Cinema é preciso primeiro concordar sobre o que ele é. E sobre o que ele é no Brasil. O Cinema é uma Arte, antes de tudo. O bem que ele fez à Humanidade em seus 100 anos de existência é inegável. Por outro lado, nos países ricos, particularmente Estados Unidos, Índia e Japão, o cinema é uma indústria. Não aqui, conforme prova a reportagem de primeira página do Caderno B de 17 de janeiro de 2010.

Segundo esse artigo, o produtor não fica com mais de 5% do total da bilheteria e, por isso, nenhum filme brasileiro (com raríssimas exceções) dá lucro ao produtor. Claro que alguns filmes, baseados em fórmulas comprovadas anteriormente, fazem o seu lucro. Mas são exceções que em geral não contribuem muito para a cultura do país e seu renome no mundo. É evidente que há alguma coisa errada. Na base. Temos uma lei até generosa (de renúncia fiscal). Se funcionasse.

Será realmente o Cinema Brasileiro uma indústria? Parece uma ofensa fazer esta pergunta. Pessoalmente respondo que não. Não temos para o cinema uma vocação especial como temos para a música. E não temos dinheiro, o país é pobre. O filme estrangeiro domina o mercado e não temos chance de competir, resumindo a melodia. Porém não queria discutir esse assunto. Quem quiser continuar a bater nessa tecla, que continue. É assunto para um homem de negócios e não para artistas. Repito, que continue tudo como está. Embora errado.

Já fiz alguns filmes, não sei se o leitor os admira. Isso não importa. É certo que me coloco no melhor nível do Cinema Brasileiro. E cada vez, na medida em que tenho espaço, é mais difícil para mim fazer um filme. Convenhamos: há alguma coisa errada. Na verdade creio que está tudo errado. Para que o Cinema exista como atividade, todos concordam, é preciso ganhar o mercado externo. E as tevês. Digo que estamos caminhando na estrada errada. Não é necessário que um país pobre como o nosso gaste tanto dinheiro em entretenimento. Não é necessário fazer filmes no Brasil. É necessário fazer bons filmes no Brasil, este é o ponto onde eu queria chegar. O Cinema Brasileiro, representado por alguns dos nossos competentes legisladores e ambiciosos produtores, deve continuar seu caminho inglório de comprovados maus resultados. Porém é urgente e imprescindível abrir a primeira página do Caderno B para defender uma outra viela. Esta sim promissora, cheia de vida e esperança. Refiro-me ao filme de Arte. Material básico não nos falta. Ser brasileiro é ser artista. O filme de arte não é necessariamente impopular. Basta lembrar Charles Chaplin, Scorcese e muitos outros. Ele apenas nega o princípio de que o povo só ri de piadas que já conhece. Isto é menosprezar o público. O cinema brasileiro que quiser alcançar o povo brasileiro não terá que perguntar o que ele quer, porque povo pobre não sabe o que quer. Terá que dar-lhe o que ele precisa. De modo que aqui venho de novo defender a criação urgente do “Ministério da Arte”. Sei que isto faz rir aqueles que, atrás de mesas, pensam que a arte é supérflua e elitista. Não é. A arte é aquilo que lembra os homens dos seus melhores valores. A honra, o amor, a dignidade etc. A arte é que ensina o homem a lutar contra a corrupção, contra a discriminação, contra a desigualdade social. E ela é boa nisso. Temos de fazer filmes populares de arte. Ou até impopulares, porém de arte. Vejo o sorriso zombeteiro do burocrata que só pensa nele e nas leis. “Mas como vamos saber o que é um filme de arte? A coisa é muito subjetiva, etc.” Que comissão julgaria esses filmes de arte? A pergunta é absolutamente inadequada. Mais que isso, é uma falácia imoral. Pensamentos aparentemente corretos destroem tudo, como “violência atrai violência”, “os fins justificam os meios”, e outros lemas do demônio. A verdade é que qualquer criança, qualquer homem de bem, qualquer pessoa séria, sabe imediatamente distinguir o que é arte e o que não é, o que é o Bem e o Mal, o que é a Ordem ou Caos, o que é motivo de viver ou morrer, o que faz crescer ou diminuir. Estaríamos perdidos se isso não acontecesse. Claro que as comissões que decidem rotineiramente desde que filmes devem ser patrocinados até o orçamento nacional, agem desprezando a meritocracia e buscando a vantagem política ou financeira. Vivemos tempos muito áridos, mas isso não precisa continuar assim por toda vida. O “Ministério da Arte” descobriria, através de uma comissão competente e uma investigação ampla, quais os reais talentos do país, quais são os roteiros mais próximos da perfeição e, mais importante que isso, incentivaria a iniciativa pública, a iniciativa privada, a fazer filmes com dinheiro com o próprio bolso. Filmes baratos que, tendo qualidade, seriam fartamente recompensados. Não quero perder tempo na explicitação de como seria regulamentada uma política desse tipo, porém quero afirmar que esto é facílimo. Que é barato também, comparado com os milhões de gastos da Lei Rouanet cujo resultado pífio os números demonstram. Nem tudo que é antigo é falso. Antigamente havia o Ministério da Educação e Cultura. Realmente, Cultura tem muito mais haver com a Educação do que com a Arte, com o passado do que com o futuro. Assuntos importantes, como a preservação do patrimônio nacional, ou das bibliotecas, ou da criação da ambicionada mais talvez utópica indústria cinematográfica brasileira, devem continuar a ser ardentemente considerados, porém a meta maior foi e sempre será a Arte. Foi daí que veio tudo e para lá deve voltar. Ninguém concordará com este manifesto que propõe um novo jogo, mais inteligente. Apesar da imensa simpatia que nutro pela figura vital e máscula do nosso atual ministro, ele luta em uma linha que a prática demonstrou ser fracassada, já que nenhum filme brasileiro realmente não se paga. Julgar pelo resultado é um argumento forte, não pode ser varrido para debaixo do tapete. Quanto tempo mais é preciso continuar a dar um murro na ponta da faca? Não deu certo o modelo brasileiro de cinema. É preciso arranjar outro, colocar a imaginação no poder, pedir o impossível - já que somos homens razoáveis. Sei que esta colocação escorrerá pela parede da burocracia, como se tivesse jogado um ovo ali. Não me importa. Estou certo, portanto um dia, provavelmente depois da minha morte, vencerei.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eleições presidenciais 2010

Marina Silva, Dilma e Serra. Qual desses candidatos deveríamos votar?
Analisando histórico político, propostas e deslizes...
Conclusão básica: nenhum deles representa um rompimento com as velhas e ultrapassada forma de governar o Brasil.
De Collor a Lula, eles não foram capaz de romper com as velhas oligarquias da política tradicionalista nacional.
Dos três candidatos atuais, qual deles sequer citou as reformas de base, isto é, fazer: Reforma Educacional, Reforma Agrária, Reforma Previdenciária, Reforma Fiscal e Econômica, Reforma Política e Reforma no setor Judiciário.
Lembre-se que Jango em 1964 quando quis levá-las ao debate popular foi deposto por um Golpe Militar que durou 21 anos.
Alcançamos a tão sonhada “democracia” elegendo através do voto direto um presidente mauricinho – atlético, chamado Fernando Collor e o resto é história.
Em suma, Bolsa família, Remédios, cuidados com o meio ambiente, essas promessas deveriam ser de praxe na agenda dos candidatos, dado o histórico de desigualdade social e o descaso que temos com as questões ambientais que permeiam nosso país desde o que éramos colônia de Portugal.
É curioso e grotesco ouvir: eu fiz isso, eu fiz aquilo, nunca na história desse país houve um avanço tão grande como este...
Vamos seguir uma lógica: eles (políticos) não fazem mais que obrigação por empreender melhoras na vida dos cidadãos - são muito bem pago pra isso.
Numa empresa privada ninguém chega é diz pro chefe ou subordinado: eu fiz isso, pois certamente o diretor pensaria: fez mais que sua obrigação - ligada a seu oficio...
Nós eleitores aceitamos esse discurso com muita facilidade, e não questionamos quando há corrupção, falcatruas e favorecimentos diversos - é parte do jeitinho brasileiro.
Agora elegemos palhaços, jogadores de futebol, cantores bregas... O que falta entrar no Congresso Nacional? Não sei responder.
O que posso responder é: ainda faltam muitas etapas para o eleitor brasileiro alcançar uma maturidade e consciência política, e saber que as eleições não coexistem brincadeiras, ela decide nossos destinos sociais e econômicos, entre outros.
Voto de protesto para Tiririca – falando sério – não consigo acreditar.