segunda-feira, 27 de julho de 2009

Poema de Pier Paolo Pasolini


Eu sou uma força do Passado.

Só na tradição está o meu amor.

Venho das ruínas, das igrejas,

Dos retábulos, das aldeias

Abandonadas sobre os Apeninos e os Pré-alpes

Onde viveram os irmãos.

Percorro a Tuscolana como um doido,

Pela Ápia como um cão sem dono.

Tanto contemplo o crepúsculo, a aurora

Sobre Roma, sobre a Ciociaria, sobre o mundo

Como os primeiros actos da Pós-memória

A que assisto, por privilégio censitário

Da orla extrema de qualquer idade

Sepulta. Monstruoso quem é nascido

De vísceras de mulher morta.

E eu, feto adulto, cirando,

O mais moderno de todos os modernos,

Procurando irmãos que o não são mais.



Pier Paolo Pasolini in Poesia in forma di rosa

versão de Manuel Anastácio

Baander Meinhof Komplex



Grandioso filme que conta a trajetória contundente do grupo alemão de esquerda conhecido como Baader Meinhof que quer dizer Facção Exército Vermelho ou RAF em alemão, que abalou a Europa entre 1968-1977, eles defenderam uma postura revolucionária a partir de uma guerrilha urbana que executou atos terroristas para forçar uma mudança política no cenário mundial. Na época de sua formação o mundo atravessa transformações radicais motivados pelos movimentos estudantis que tiveram seu inicio na frança e como um enxame espalharam-se pelo mundo. Havia o conflito entre USA e Vietnã, o movimento da contracultura e os hippies abalando os modelos de comportamento numa sociedade altamente conservadora como a americana.
Dentro deste contexto intrigante que exigia das autoridades dos países de primeiro mundo uma mudança marcante na política, pois os países subdesenvolvidos enfrentavam vários problemas de ordem política e social, que sem dúvida era sublinhado pela postura dos países desenvolvidos.
Baader Meinhof foi um grito poderoso da juventude e não só uma teoria de esquerda e masturbação teórica, esses jovens lançaram mão do discurso e partiram para atos de extrema violência para assim buscar uma mutação da raiz da sociedade capitalista.
O governo alemão agiu como de costume reprimiu violentamente o grupo e pensamos que aquele velho jargão: “violência gera violência” foi esquecido.
Sai do cinema atônito, como grande defensor das idéias de esquerda eu percebi que todas as mudanças que os jovens tentaram empreender no mundo ocidental foram esmagados pelas forças imperialistas e ultra-radicais de direita.
Esse filme suscita algumas perguntas para minha geração esquálida e raquítica. Qual será a próxima revolução? Será que o mundo mudará no próximo decênio? Onde foram parar os verdadeiros revolucionários? O que o capitalismo nos legará?
Eis o nosso espanto diante do admirável mundo novo...Assistam ao filme e preparam-se para um abalo mental, pois somente os autômatos não respondem a tamanho estimo intelectual e emocional.

domingo, 12 de julho de 2009

HINO DA INTERNACIONAL COMUNISTA


De pé, oh vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia o povo já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, oh produtores
Messias, Deus, Chefes Supremos
Nada esperamos de nenhum
Unamos forças e tornemos
A terra-mãe, livre e comum
Para não termos protestos vãos
Para sairmos deste antro estreito
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito
Crime de rico a lei encobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido
À opressão não mais sujeitos
Somos iguais a todos os seres
Não mais deveres, sem direitos
Não mais direitos, sem deveres
Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificam tal riqueza
sobre o suor de quem trabalha
O produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Querendo que ele o restitua
O povo só quer o que é seu.
Fomos do fumo embriagados
Paz entre nós, guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos trabalhadores
A corja vil e cheia de galas
Nos quer a força, canibais
Logo verá que as nossas balas
São para os nossos generais
Somos o povo dos ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a terra aos produtivos
Oh parasita, deixa o mundo
Oh parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar
Bem unidos façamos
Desta luta a final
De uma terra sem amos
A Internacional.

serena grandi