segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Walter Franco


Walter Franco escreveu uma letra muito bonita retratando o universo do machismo, essa letra é um tapa na cara daqueles que zombam das mulheres e pensam que estão sendo os maiores...

Criaturas
Walter Franco


Bebes e comes e ris
Farta-te em quanto puderes
Pratica os teus atos vis
Mas lembra que são mulheres
São pobres almas
São seres humanos
Tristes criaturas
Ah, pra que perveteres irmãs
Com brutais loucuras
E bebes e comes e ris
Farta-te em quanto puderes
Pratica os teus atos vis
Mas lembra que são mulheres
Lembra aquela menininha flor
Que do galho arrancaste
Numa prostitutazinha doutor
A transformaste
E bebes e comes e ris
Farta-te em quanto puderes
Pratica os teus atos vis
Mas lembra que são mulheres

Chrissie Hynde - Do lado dos bichos


Chrissie Hynde - Do lado dos bichos


A líder dos Pretenders defende os animais com unhas e dentes


Chissie Hynde, cantora e guitarrista do Pretender é um grande defensora dos animais e defende o vegetarianismo com veêmencia, filiada a PETA deu um entrevista quando esteve no Brasil em 2004.



Quando você virou vegetariana?
Optei pelo vegetarianismo em 1969, quando tinha 17 anos. E quer saber de uma coisa? Foi a decisão mais sábia que já tomei em toda minha vida. Devo a essa decisão todas as coisas boas que aconteceram comigo. Sou uma pessoa mais consciente e saudável, ganhei muito mais energia. Além do mais, posso dizer que sou uma cinqüentona com o corpinho em cima.

Que outros motivos você citaria?
Quando nos tornamos vegetarianos, estamos mudando a forma como nos relacionamos com os outros seres. Algumas pessoas são contra a matança de animais, outras acreditam que o alimento é grosseiro, existem ainda motivos filosóficos e religiosos. Eu acredito que o espírito de Deus está em cada coisa viva - nas árvores, nos animais, na natureza. Estou sempre do lado dos bichos. Sabe por quê? O homem será sempre um cretino quando tiver dinheiro envolvido. E uma coisa é certa: se todo mundo fosse vegetariano, resolveríamos os problemas do mundo, pois mudaríamos a economia para melhor.

Como assim?
Pagamos um preço alto sofrendo de doenças ligadas ao consumo de produtos animais, como alergias, problemas cardiovasculares e obesidade. Rios de dinheiro e energia são gastos com isso, e poderiam ser direcionados para questões sociais. Além do mais, a natureza é destruída para que surjam pastos para o gado. Quando consumimos na escala da cadeia alimentar mais baixa - os vegetais - reduzimos muito o consumo de recursos naturais e, conseqüentemente, favorecemos uma economia mais digna.

Você leva isso bem a sério, não?
Sim, fiquei sócia da organização Peta há 15 anos. Começou quando um dos integrantes se infiltrou numa coletiva dos Pretenders e se passou por repórter. Quando nós estávamos a sós, ele me disse quem era e quais eram os ideais da organização. Fiquei tão comovida com a proposta, que aceitei participar. Eu disse: "Me use do jeito que você quiser. E mesmo após minha morte usem minha imagem para defender os animais". Eu coloquei isso no meu testamento, pode crer!

Então, como eles usam você?
Hoje, me dedico quase inteiramente à organização. Não interessa se quem maltrata os bichos são os frigoríficos, o circo ou grandes corporações: meu negócio é defender os animais. Gosto do ativismo. Acho divertido ver empresas que não são éticas terem de se ajoelhar e se desculpar perante a população, pelos crimes hediondos cometidos contra outros seres vivos. Se não pudesse me dedicar aos meus ideais, teria abandonado a música há muito tempo. Digo isso porque nunca fiquei confortável com essa história de fama.

Qual foi a sua maior briga?
A GAP [confecção norte-americana] comprava couro no mercado negro da Índia e da China - o comércio de couro nesses países é proibido. Na Índia, por exemplo, eles compravam a preços muito baixos, pois se tratava de um produto ilegal. Eu infernizei tanto a vida deles, que pararam com isso. Quer saber mais detalhes? Na Índia, é proibido transportar gado [são animais sagrados na tradição hindu]. Então eles transportavam durante a noite, para que nenhuma autoridade os parasse. Pela manhã, faziam o gado caminhar o dia inteiro, para que morressem de fome e de cansaço. Eis a origem do couro da GAP.

Você abraça outras causas?
Diamantes. Eu tenho uma briga histórica com a De Beer Diamonds, empresa alemã que tem artistas famosos como garotos-propaganda. Nenhum deles tem idéia de que a empresa explora a população e usa métodos sangrentos para obter sua matéria-prima. E quem precisa de diamantes, afinal? Não passa de uma porcaria de uma pedra!

Por que você não canta essas coisas em suas músicas?
É, a relação aí é meio abstrata, pois não escrevo necessariamente sobre minha militância. Mas acabo chamando atenção da mídia e do público com o que falo e penso. Na verdade, o universo musical é limitado, são algumas notas e o que você pode fazer é reorganizar de forma diferente. Então, o que conta é o entusiasmo, a criatividade para tocar.

O que é realmente importante?
Não dá para mudar o mundo sem filosofia e ética. O que devemos admirar nas pessoas é a compaixão, a humildade e sua aptidão em se interessar por questões humanas. O que vemos por aí é que muitas bandas de rock não mudam o mundo, são apenas entretenimento. Na maioria das vezes a apologia está nas drogas, no consumo, na transa - esses tipos medíocres de mensagem.

O que você acha do pessoal que pega música de graça na internet?
Veja, a indústria fonográfica às vezes investe em perfeitos idiotas, promovendo músicos ruins. Também inflaciona o mercado de CDs, que são caros. Então, dou a maior força pro pessoal que baixa música, apesar de eu também ser contra tantos apetrechos tecnológicos.

Por quê?
Olha minha situação: tenho 52 anos e nem sei mexer no computador! Conheci pessoas que tiveram surtos psicóticos por levar uma vida tentando acompanhar o volume de informações que temos hoje. Até cheguei a navegar na internet para procurar um namorado, e mesmo assim não foi uma ferramenta útil: não consegui nada interessante.

E no Brasil, só alegrias?
Estou bem feliz por visitar o Brasil de novo. Mas queria deixar um recado: não consigo entender a tal da farra do boi. Tudo bem, muitas vezes a violência contra os animais tem a ver com aspectos culturais, mas estou levantando a bola aqui, para vocês, brasileiros, refletirem sobre isso, que algumas pessoas chamam de diversão.