segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O garoto triste que fui...

Eu nasci num inverno de 1978
e conheci o amor ainda no ventre maternal,
e em nenhum outro lugar...
Aquele calor e aconchego que senti
procurei desesperadamente nas pessoas que amei...
Será que você vai me esquecer?
Fecho meus olhos nesta neblina confusa do passado
e vejo seu rosto como vetor da minha vida.
Sua representação parece meu filme favorito
que passa amiúde no meu âmago.
Hoje abri o álbum de fotografias da minha infância
e revi aquele garoto que fui outrora,
a tristeza e a solidão são as mesmas
aquela criança pálida e desamparada
cresceu e algo se perdeu no meio do caminho,
e eu odiei meu pai com veemência
por ele ter me colocado neste mundo
sem ao menos me amar...
agora tenho que perdoa-lo
como conseguiria viver com tamanho ressentimento?
Conheci um ser que me deu os braços como morada
e como lhe amei, daria minha vida em troca
daquele calor que me salvou de desconsolo.
Depois de vinte e oito solidões
eu olho no espelho e hoje posso sorrir ao menos
sem me sentir doente e invalido.
Quando eu morrer quero que você não chore,
apenas cante aquela canção de afeição
que eu lhe ensinei, por favor...
O garoto perdido com o sorriso tímido e desajeitado
visitou-me e acenei para ele e disse-lhe adeus,
quero conservar esta ternura pueril
que ele me legou
meu corpo envelhecera mas a minha alma
eu darei ao velho poeta para que ele
engenhe um soneto meigo
e entregue aos meus amigos
e ao infinito
quando eu partir.

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